Nova Fase

Não tem muito tempo descobri que "cutucar" alguém no Facebook significa que você está dando em cima. Pra mim era só uma besteira, algo bobo para brincar com os amigos, esse tal de "cutucar".Recebi uma cutucada de um tal de Rafa. Entrei no seu perfil, cutuquei de volta. Ele tinha vários amigos em comum comigo e nunca havia o visto. No mesmo dia recebi a cutucada de volta, retribuí. Passamos o dia assim, até que resolvi adicioná-lo. Conversamos. Ele gente boa, simpático. Conversei com esse tal de Rafa apenas como um amigo, mesmo percebendo que ele flertava comigo - agora, já adicionado no MSN.

Quinta-feira ele insistiu que eu o conhecesse na Cantareira. Iria, ok. Mas não me estenderia, afinal, sexta começaria minha iniciação científica em literatura hispano-americana.

Ele chegou, sem graça, mas simpático. Sentou no bar comigo, minha mão logo foi de encontro a sua, rápida e como se já soubesse seu lugar cativo.

Ele fez carinho no meu braço. Fomos nos beijar mais para o meio da noite. Um beijo gostoso. Um sorriso lindo após o beijo. Minha mão, agora, fazia meus dedos entrelaçarem-se nos dele. O braço dele teimava em roçar o meu. Levei-o até sua casa, peguei

o ônibus pra minha. Ao chegar entrei rápido no computador e vi que havia uma cutucada, do Rafa, no meu facebook. Resolvi retribuí-la antes de dormir. Fui à faculdade, feliz com meu ingresso na pesquisa. Voltando para Niterói vi que deveria parar em alguma livraria para comprar "Viagens na Minha Terra" de Almeida Garrett. Rafa ligou para o meu celular. Perguntou se eu faria algo naquele dia. Disse que nada. Pensei por um momento, um estalo de "por que não?" veio à minha cabeça: "Rafa, vou saltar no Centro. Quer ir comigo à Siciliano? Tenho que comprar um livro". Ele responde, rápido: "Claro! Só vou tomar um banho e te encontro lá". Passamos o dia juntos, almoçamos juntos, acompanhamos minha irmã à faculdade juntos, sentamos no gramado da UFF para ver a lua refletindo na Baía de Guanabara juntos. Dia seguinte ele me pede para acompanhá-lo ao aniversário do pai, na Lapa. Fui. Conheci seu pai, o marido dele, os amigos do pai dele. Conheci mais um pouquinho da sua intimidade, do seu pai que perguntava se eu não assistia Glee, do seu padrasto que e

ra monge e largou tudo, dos amigos que se conheceram no site Ursos, do amigo que era viciado e o marido o salvou das drogas, do drama da mãe do Rafa ao descobrir que o ex-marido é gay.

Ele me levou para outra festa, depois. Tive que entrar com o nome do ex-namorado do Rafa. Fiquei irritado com isso, o amigo dele havia sacaneado-o. Ao entrarmos na festa, estressado, falei: "Rafa! Que situação desnecessária! Minha vontade é de ir embora daqui. Não quero ter que passar pelo Tato! Como vou pedir você em namoro, assim

?"

Ele ficou calado. Se desculpou. Passa uns dois minutos e pergunta: "A história sobre querer ser meu namorado é verdade?"

Eu respondi, ainda irritado: "Sim. Mas não quero ter que fazer isso sendo o Tato, nesse lugar"

Ele: "Sério que é verdade?" sorrindo, radiante.

Eu: "Sim. Mas não era para eu te falar, não era pra ser assim, aqui..."
Ele: "Eu aceito!"
Eu: "Aceita?"
Ele: "Aceito! Aceito, sim, meu namorado!"

Eram 1:11h, exatamente. Já era domingo, aniversário do meu sogro. Era o dia do início do meu namoro, que me deixa num estado de espírito inenarrável. Ele foi o primeiro cara que consegui ter algo, superar o meu ex. Ele me tirou de uma confusão qu

e eu estava, em que, segundo Foxx, eu me sabotava: eu não me fazia bem e usava os outros.

Rafa, meu namorado. Um sorriso que me encanta.