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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cor acre


Na verdade um pouco mais morena a pele, não tão acre.
Não via o mar a dois anos, nunca havia vindo ao Rio de Janeiro. Passamos a quinta em Ipanema, vimos o pôr-do-sol no Arpoador [foto ao lado tirada pelo meu celular] e fomos andar na Lagoa Rodrigo de Freitas. Meus olhos já estavam nele. Minha boca, também.
Ele veio conhecer a Cantareira, disse que gostaria de ter sido raptado por mim. Sexta foi mais um dia de praia, dessa vez caminhamos até o Leblon. Ele parou olhando o mar, seus olhos brilhavam. Não entramos no mar, apenas caminhamos na beira da praia, de mãos dadas, e rimos de todos que jogavam bola, depois das 17h. A noite ele foi à Lapa, disse às quatro da manhã que eu fiz "MUITA FALTA" [sic] na sua noite. Sábado fomos ao Chá da Alice, no Circo voador. Era o penúltimo dia dele na cidade.
Sábado fomos ao Chá da Alice e depois fomos, dessa vez sem maiores pudores, após andar um pouco pela Lapa, de encontro ao outro, meu corpo ao corpo dele.
O sotaque - que ele insistia em dizer não possuir -, o sorriso - que ele tem vergonha, mas eu acho uma graça -, os olhos - que brilhavam no reflexo do sol naquele mar que parecia, refletido nos seus olhos, um pedaço do céu -, a altura - que me fazia dar beijo no seu ombro, o tempo todo, e ele dizia gostar -, o cabelo - macio, escuro -, a pele - cor acre, mas não tanto - são lembranças, agora.
Ele mudou a passagem para meia-noite de domingo, queria me ver. Consegui fugir de casa, fui vê-lo. Um último beijo, uma despedida breve. Eu estava um caco, ele lindo de gola V e blusa xadrez aberta, por cima. Disse que, daqui a um ano quando voltar, eu estarei casado e com filhos. Não queria vê-lo só daqui a um ano mas, mesmo que a tristeza já começasse a despertar, eu já sabia como terminaria. Ele também sabia: Nosso romance teria prazo de validade: até domingo, às 23:55h.
Foi excelente, enquanto durou. Hoje ele me ligou, sabe? Disse que queria ouvir minha voz. Me furtei a dizer que sentia saudade. "Eu também. Muita mesmo."
Eu pensei em escrever esse post sobre possibilidades. Sobre a possibilidade dele ficar ou da minha de ir, sobre a possibilidade de alguma confissão de um sentimento profundamente estruturado, de um fim de semana ter sido um mês, de não ter acontecido ou de um "poderia ser" mas não quis. Foi bom demais para pensar no que poderia ser.
Agora me pego lembrando da sua voz, grave, me dizendo: "Quem diria que eu ficaria assim pelo Bruno do blog?"
Quem diria que eu ficaria assim, também, por você, menino acreano.

11 comentários:

  1. Romances são tão bons enquanto duram. Os meus só duram algumas horas, porque acho que sou possuído por um espírito que não me deixa gostar de ninguém. Só quer... enfim...

    Sinceramente, achei muito lindo seu conto. triste, no final, mas lindo. Mas fica a dica: TEM FERIADÃO VINDO AÍ!! Bom pra uma viagem...

    (joguei no ar...)

    Bjs

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  2. eu sabia q vc ficaria assim pelo menino acreano, pq o menino acreano é do tipo de pessoa que deixa qualquer um assim.

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  3. Achei que a cor fosse ocre.

    "Dessa vez, eu já vesti minha armadura..."

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  4. eu não vou responder ao comentário do Gui porque, né? num tá entendendo mesmo!

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  5. Achei lindo!!!
    Tb quero viver uma história assim um cenário mágico, um menino lindo ou dois (rs) e a cidade.

    Perfeito
    Bjs no ♥ LINDO

    #MIAU

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  6. Olá menino
    Pena que nem tudo é, como gostaríamos que fosse.
    Bjão

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  7. Oh man! Do Acre?! Cade as fotos para comprovar a sua existência? :p

    Mas enfim... a internet ajuda né, a promover esses encontros de pessoas tão distantes que muito possívelmente nunca saberiam da existência um do outro pela distância?

    Um beijo doido, e fica bem.

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  8. Bruno, Bruno... Só vc para arrumar um amor tão complicado assim... Mas enfim, "que não seja imortal, posto que é chama... mas que seja infinito enquanto dure", e pelo que vc escreveu e mostrou aqui, eu tenho certeza de que foi um fim de semana infinito, e que vc vai lembrar do acreano pra sempre...

    Beijos, amigo... Saudades!!! rs
    Até o próximo

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  9. Bruno, acabei de conhecer seu blog, muito interessante por sinal, estou seguindo, e frequentando por aqui.

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  10. Olha, tava achando que era um conto. =P (que bobo eu!)

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"frente a uma sociedade e uma linguagem reificadas, o indivíduo afirma dolorosa, agressiva ou humoristicamente sua diferença"
Theodor Adorno