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sábado, 29 de junho de 2013

Num sábado domingo

Imagem de 6eternity9

Era um sábado tão domingo que Faustão tinha roubado o lugar do Luciano Huck e ouvir folk estava melhor do que o pop pré-festa costumeiro. Meu Twitter parecia a praia de Ipanema com o número de homens descamisados e sarados aumentando a cada tweetada de duplo sentido que eu dava - humor sacana, sexo engraçado, mentiras gozadas, sabe?

Eu pensava sobre o que escreveria para a coluna que tenho no jornal e sobre qual dos temas do meu cronograma (para minha coluna do site Os Entendidos) entraria atropelando o outro após a minha estreia. Aqueles planos que você tenta traçar no momento de ociosidade porque acha que as coisas não estarão tão calmas na próxima semana.

Era um sábado tão domingo que domingo seria pior que uma segunda de segunda. E eu pensava sobre como as coisas têm impactado na minha vida. Todas as coisas, no caso. Todas e todos. Reavaliando flertes que já tive, que terei (porque a ociosidade me transforma em Mãe Dináh) e que vejo as pessoas tendo fiquei com saudade da poesia, da mentira bonita. Parece que os caras não sabem mais flertar, sabe? E nesse sábado tão domingo, mas tão domingo, fiquei com vontade de fazer nada, planejando o que teria que fazer ainda nesse tal sábado.

Comentei isso com um garoto que insistia em dar em cima de mim mesmo com todas as recusas que eu fazia, pelo Facebook, da seguinte forma: "Tenho saudade de não verem os defeitos de imediato em alguém. Saudade daquela enganaçãozinha gostosa e daquelas mensagens que vão cheias de insegurança de receber uma de volta. Saudade da poesia, hoje tudo está tão verdadeiro! Saudade de receber uma mentirinha como 'não reparei na sua espinha' ao invés de 'adorei sua foto, mas a luz tá mostrando suas acnes'. Entende?" Mas recebi como resposta: "Você é tão inteligente e poético". Bloqueei. Não consigo conversar e, mesmo que goste de ter o ego elevado, não é exatamente disso que eu precisava. E eu sou o meu centro do que eu quero. Primeiríssima primeira pessoa.

Era um sábado tão domingo que eu me indagava o que pensaria desse sábado se ainda estivesse com ele ao meu lado. Independente de qual lado, tentaria roubar o lado da parede na hora de dormir e ele diria que aquele era o lado dele. O lado dele, para mim, era do meu lado, independente do lado. Bem, segui à risca essa afirmação: hoje ele está do lado de fora.

E é neste sábado tão domingo, mas tão domingo, que a preguiça se estica até para a explicação de todas as ironias que escrevi e que estou pensando. A preguiça se estende para todos os que não perceberam uma mudança do tempo verbal usado, mudança dos pronomes demonstrativos apresentados e mudanças de tudo o que estou passando: em primeiríssima terceira pessoa.

7 comentários:

  1. "E eu sou o meu centro do que eu quero. Primeiríssima primeira pessoa." nossa como vc tá egoísta...

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  2. Não falarei mais que você está lindo na foto,guardarei isso para mim, na primeiríssima pessoa.
    Bjux

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  3. Até porque se falar que ele está lindo, será bloqueado.

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  4. Esses sábados domingos estão tão raros na minha vida. Estou tendo mais sábados sextas e domingos segundas e semanas infernais rsrs.
    Belo texto. Me transportei para esse seu dia em um instante.

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  5. Bom, eu achei o texto lindo, porque é poético, singelo e com certa melancolia, uma coisa que eu não costumo ver em você e, isso, foi uma grata surpresa. E, diferentemente do Lenin, eu acho que é bom voltar a ser o seu centro do que se quer, ainda mais quando passamos tempo nos dedicando a pessoas que nos decepcionaram. Nesses momentos é preciso voltar ao centro, voltar a si mesmo para que a expansão aconteça novamente. Isso não é egoísmo. Pensar em si, no próprio bem estar, não é egoísmo. Só o é quando isso torna-se prejudicial a si e aos outros, e não enxergo isso na sua atitude. Beijo, Gabe.

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  6. Parabéns, ótimos textos!

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  7. acho sábados domingos extremamente necessários vez em quando. e estou precisando de uns assim. (:

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"frente a uma sociedade e uma linguagem reificadas, o indivíduo afirma dolorosa, agressiva ou humoristicamente sua diferença"
Theodor Adorno